16 julho 2010

SÓ UM DEDINHO DE PROSA!

Mesmo tendo uma vida social as vezes nos sentimos sozinhos, não conseguimos compartilhar o que nos vai no íntimo. Talvez porque em geral não sabemos mais escutar, consequentemente desaprendemos a dialogar. Não sabemos mais quando o silêncio diz tudo e um abraço conforta mais que mil palavras. O desgaste da dor e o peso da bagagem sofrimento nos cansaram, estamos em "carne viva"! Uma simples gota d´água que nos atinge faz arder muito, assim nos armamos com parafernálias para evitar mais massacre ou talvez simplesmente estamos socializando com pessoas com as quais não temos afinidade...
Texto enviado pela querida Edna Rigolon, que conheci na Constelação Familiar e com muita generosidade foi eu durante o workshop.

SE PRECISARES DE UM "DEDINHO" DE PROSA...

- Tardi, Dotô.
- Boa tarde. Sente-se..
- Careci não. Ficu di pé, memo.
- Sente-se para eu poder examinar.
- O Dotô é quem manda.
- Mas fale-me. O que está acontecendo?
- Ai, Dotô! Mi dá umas dor di veiz in quandu.
- Que dor?
- Aqui, óia. Nu estromagu. Beeem lá nu fundinhu.
- Forte?
- As veiz. Trasveiz é anssim ó, di mansinhu.
- E o que você faz?
- Tem veiz que eu cantu. Trasveiz eu vô pra cunzinha fazê um bolu.
- Tem outra dor?
- Tenhu, sim, Dotô. Aqui, ó. Pertu dus óio.
- E essa é forte?
- Também é forte não. Quandu ela dá eu cunversu cas vizinhas i passa.
- Outra?
- Tenho sim senhô. Aqui. Anssim, nu meio das custela, pareci nu coração. Dá uns apertu aqui, ó.
- E você faz o que?
- Tem veiz qui eu choru. Trasveiz eu ficu anssim, muitu da queta pra vê si passa.
- E passa?
- As veiz. Trasveiz eu vô pra pracinha.. Lá eu sentu num bancu vê as criança brincá prá esperá passá..
- Você mora com alguém?
- Moru não, Dotô. Sô sunzinha nessi mundão di Deus.
- Não tem família?
- Aqui tenhu não. Minha famia é todinha du interiô du sertão, pertinhu de Urandi, lá quasi im Minas. I vim sunzinha pra Sum Paulu tentá a vida.
- E você faz o que?
- Óia, Dotô. Eu já fiz um cadinhu di tudu nessa vida. Já trabaiei numa firma di limpeza, já cuidei di criança. Já trabaiei numa casa di genti rica. Agora eu trabaio cuma mocinha qui mais viaja qui fica im casa.Ela avua num avião di dia i di noiti. Aí eu ficu sunzinha..
- Você mora com ela?
- Moru sim, Dotô. Ela dexa eu drumi num quartinhu lá nus fundu da casa.
- Sabe cozinhar?
- Oxa si não! Cunzinhu muitu du bem! Coisa mais simpres anssim i coisa mais di genti chiqui.
- Gosta de crianças?
- Ô, seu Dotô. É as criaturinha mais anjinha qui Deus botô nu mundu!
- Qual o seu nome mesmo?
- Óia, Dotô. Eu num gostu muitu, mas a modi agrada a santa, minha mainha botô Crara.
- Dona Clara. Eu sei o que a senhora tem.
- Comu anssim, si o Dotô nem incostô im mim?
- O que a senhora tem Dona Clara, chama-se solidão e é a causadora de toda essa tristeza.
- I issu mata, Dotô?
- Ás vezes, sim. Mas, no seu caso bastam amigos, alguns remédios e um pouco de carinho..
- Dona Clara. Vai parecer estranho e nem eu mesmo entendo porque estou fazendo isso, mas minha esposa está grávida e nosso segundo filho é para o mês que vem. Já temos uma menina. E até hoje é minha esposa que cuida de tudo. Porém, com o bebê pequeno precisamos de alguém que cuide da casa.
Que tal ficar conosco?
- Oxa si não! Óia, Dotô. Nunca fizeram issu pur mim não. Vixe! Vai sê coisa muitu da boa ficá cum oceis. I careci di morá lá, Dotô?
- Sim. Temos um quarto vago, no apartamento. Podemos tentar por uns meses..O que acha?
- Dotô. É anssim como tê famia, né?
- Quase.
- Dotô. Eu num vô mais sê sunzinha. Vixe! Deus lhi pague, Dotô, a modi qui carinhu anssim, nem mainha mi dava.
- Vamos testar. Combinado?
- Cumbinadu. Dotô. Careci di eu fazê uma pregunta.. Eu num vô mais senti essas dor?
- Vamos combinar uma coisa? O dia que sentir essa dor você me procura.
- Prá modi du senhô mi inxaminá?
- Não. Prá modi nóis trocá dois dedinhu di prosa.

AUTOR: DESCONHECIDO

* Mais de 400 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão.
* A maioria dos pacientes deprimidos que não é tratada tentará suicídio pelo menos uma vez, e 17% deles conseguem seu intento.
Com o tratamento correto, de 70% a 90% dos pacientes recuperam-se da depressão.
* Aproximadamente 2/3 das pessoas com depressão não fazem tratamento e dos pacientes que procuram o clínico geral apenas 50% são diagnosticados corretamente.
* Segundo o último relatório da Organização Mundial de Saúde a depressão é mais comum no sexo feminino, afetando de 15% a 20% das mulheres e de 5% a 10% dos homens.
O Que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranqüila..... em silêncio..... sem dar conselhos.... sem que digam: "Se eu fosse você..."

6 comentários:

Bruno David disse...

Muito bonito o texto...
As vezes nos calamos porque cansamos de falar com quem temos por perto. As pessoas não sabem escutar as vezes. Cada um olhando pro próprio umbigo, mas olhando de um jeito engraçado, olha tão perto que vê tudo sempre embaçado. Daí nem se enxerga direito, nem vê o outro...
Prosear faz bem!
Abraçar também!

GRANDE ABRAÇO!

Methamorfo disse...

Embora esteja numa fase mais "estável", o post inteiro é comovente. Se pudesse, de verdade, Te levaria pra um lugar calmo, aconchegante e choraria junto com vc até lavarmos o último resquício de sofrimento, deste sofrimento que "vem não sei de onde e dói não sei porque" (com licença ao trocadilho, Drummond...). Só nós que passamos por isso compreendemos o quão bom seria encontrar pessoas afins. Fique certa de que estou arrepiada até a alma, com um nó na garganta e com vontade consolá-la de um modo diferente, chorando, sorrindo junto, gritando, esperneando, ouvindo, falando um pouco e jamais dizendo: "- se fosse eu..." De longe, te aplaudindo de pé. Me emocionou de verdade.
Ah... Vou colar no meu blog, tá?
Bj. JÔ.

Cris Ferreira disse...

Ah sexta-feira "casual day"e quando você nem casual quer vestir.
As empresas deveriam ter o "Pijama day", porque quantos de nós já tivemos a vontade de nem se vestir.
Enquanto este dia não entra em vigor, lave o rosto, vista uma roupa alegre, respire fundo e vá em frente.
Porque no final as boas coisas sempre acontecem.
Você deve estar se perguntando. Ok, e o que isso tem haver com o texto acima, talvez muito, talvez nada.
Eu só quero é ter um dedo de prosa com vcs e dizer que hoje estou muito feliz!!!!!!!!!
Cris

Karen disse...

É isso aí! às vezes precisamos de alguém que nos escute e nos ajude também!! Me emocionei muito com o texto! bjs

Ana Maria Saad disse...

hahahah
gente a-mei os comentarios!
por isso vamos ficar com quem temos afinidade, né! adoro esse clima de carinho da gente! é mto bom!!! e cris eu to de pijama e adorando esse dedinho de prosa!!!

hahaha

bjokas

Ana Maria Saad disse...

comentario da minha mamis, que disse que não conseguia publicar!

"falando em solidão,as pessoas podem se ligar aos animais e plantas.São lindos e nos dão amor sem decepção,ou...aprendermos a amar-nos sem ter amor-apego por ninguém( q,na verdade,não é amor),ou...aprendermos a amar muito pelo prazer de amar,incondicionalmente,como fazemos com os filhos,sem exigir ou PRECISAR,do amor de ninguém.Aliás é pra isso,pra aprender a amar ,q nascemos dessa vez..."