02 fevereiro 2009

BIOENERGÉTICA

Quando iniciei o curso de interpretação para cinema, no qual tive contato com a bioenergética e consequentemente com os meus traumas que com tanto esforço havia trancado a dezessete chaves, iniciei também a auto-análise, já que não queria fazer terapia. Depois de cada aula escrevia tudo o que tinha se passado comigo, o que cada exercício me despertava, as mudanças bruscas de sensações, as lembranças esquecidas, meus impulsos e era anotando tudo com sinceridade, sem piedade de mim que relia mais tarde para me analisar, como se aqueles escritos nem fossem meus.
Com este distanciamento e conversando comigo mesma, no melhor estilo esquizo, descobri muita coisa. Sim falava comigo mesma, fazia perguntas e as respondia, era como se estivesse em uma conferência com várias pessoas, todas plugadas na minha cachola. Foi quando descobri que tinha uma raiva incrível guardada; que me anulava para ser aceita, que eu mesma não me aceitava; que queria ser amada; que minha auto-estima era inexistente; que me achava feia e esquisita e mesmo ouvindo o contrário eu não me gostava, não me respeitava; que havia sido emocionalmente pisoteada durante a infância e adolescência e tolhida, até mesmo no que dizia respeito a falar sobre situações ruins as quais havia vivido com meu pai., minha voz havia sido silenciada. Foi quando descobri também que era ser-humano com felicidades e traumas, muitos traumas que haviam sugado a minha alegria de viver. Foi só fuçando neles com insistência, sem desistir mesmo diante do fedor que aquela reviração causava que com o tempo, muito tempo, pude começar a liberar os vapores da alegria de viver.

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